Odontologia - 20.08.2025
Ozonioterapia na Odontologia: evidência clínica, versatilidade terapêutica e uma nova abordagem de cuidado
Técnica regulamentada pelo CFO desde 2015 se destaca pelo efeito antimicrobiano, modulador inflamatório e regenerador, com aplicações da Endodontia à Oncologia e experiências no SUS
Cada vez mais presente nos consultórios odontológicos, a ozonioterapia tem se consolidado como uma aliada em diferentes especialidades. Regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 2015 como habilitação – e não especialidade –, a técnica só pode ser utilizada de forma tópica, sempre como complemento aos tratamentos já consolidados.
O potencial terapêutico do ozônio medicinal está em três pilares: ação antimicrobiana, modulação inflamatória e melhora da oxigenação tecidual. “A complementação do protocolo tradicional com a ozonioterapia apresenta uma ação sinérgica bem interessante, pois lança mão dessas duas grandes propriedades: antimicrobiana e biomodulação”, explica o Dr. Carlos Goes Nogales, mestre e doutor em Endodontia.
De acordo com o doutor em Clínicas Odontológicas e mestre em Implantodontia, Dr. Francisco Campos, que é secretário da Câmara Técnica de Ozonioterapia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), o ozônio pode ser aplicado em três formas — gás, água ozonizada e óleos vegetais ozonizados. “Assim, conseguimos pós-operatórios mais tranquilos, menos intercorrências e reparo tecidual acelerado”, aponta. Em cirurgias, estudos mostram que a epitelização pode ocorrer em cerca de três dias, contra 7 a 10 dias habituais.
Na prática clínica, os benefícios vão do controle da dor à aceleração da cicatrização. “Desde que incorporei a ozonioterapia, percebi diminuição do uso de medicamentos, do edema e da dor pós-operatória”, relata o Dr. André Scarpel Contini, que atua em Periodontia, Implantes e Harmonização Orofacial. Ele destaca ainda o impacto positivo em complicações estéticas, como a recuperação de tecidos necrosados.
A especialista em Dentística Restauradora e em Endodontia, com aperfeiçoamento em Aplicabilidade da Ozonioterapia, Dra. Magda Siqueira, também reforça os ganhos nos procedimentos restauradores e estéticos. “Seu efeito antimicrobiano, anti-inflamatório e regenerador celular contribui para um pós-operatório mais previsível e confortável, além de favorecer resultados em harmonização e no controle da hipersensibilidade dentinária.”
Em pacientes oncológicos, os resultados são especialmente relevantes. O Prof. Dr. Sérgio Bruzadelli Macedo, um dos primeiros pesquisadores a iniciar o estudo da ozonioterapia na Odontologia, mestre e doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) e coordenador dos cursos de Habilitação em Ozonioterapia aplicada à Odontologia na Universidade de Brasília, cita a atuação da ozonioterapia em necroses maxilares e mucosites decorrentes de radioterapia. “Observamos melhora da salivação, da gustação e uma diminuição significativa da dor, com impacto direto na qualidade de vida.”
Esse olhar integrativo também é destacado pela mestre e doutora em Clínica Odontológica, na área de concentração em Endodontia, com ênfase em ozonioterapia, Dra. Marina Beloti Ferreira, que atua com Endodontia e ozonioterapia. “Os sintomas que mais rapidamente respondem ao ozônio são dor, inflamação e lesões de difícil cicatrização. Muitos pacientes relatam sensação de alívio imediato, o que fortalece a percepção clínica de que a técnica não apenas trata sintomas, mas potencializa os processos naturais de cura do corpo.”
Experiência no SUS
A técnica também já chegou à rede pública. O município de São Carlos (SP) foi pioneiro ao implantar a ozonioterapia odontológica no SUS, em projeto liderado pela Dra. Magda Siqueira. A iniciativa beneficiou pacientes com dor crônica, infecções recorrentes e feridas de difícil cicatrização, mostrando que o recurso pode ser incorporado à saúde pública com segurança e efetividade.
Leia a matéria completa na Revista da APCD e conheça em detalhes as aplicações da ozonioterapia em Endodontia, Estética, Cirurgia, Oncologia e Saúde Coletiva.
Por Swellyn França
