Odontologia - Pacientes com Síndrome de Down: abordagem odontológica especializada

Odontologia - 21.03.2024

Pacientes com Síndrome de Down: abordagem odontológica especializada

O cuidado demanda uma compreensão holística e adaptativa por parte dos Cirurgiões-Dentistas.
O cuidado demanda uma compreensão holística e adaptativa por parte dos Cirurgiões-Dentistas.

A saúde bucal é uma parte vital do bem-estar geral de qualquer indivíduo, e para pessoas com necessidades especiais, como a Síndrome de Down, esse cuidado também é crucial. O tratamento odontológico para pacientes com Síndrome de Down é parte integrante de uma abordagem multidisciplinar que visa garantir o melhor acompanhamento e qualidade de vida possível para esses indivíduos.

De acordo com a especialista em Odontopediatria e Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, Dra. Sofia Takeda Uemura, que é diretora da Faculdade de Odontologia da APCD (FAOA), o cuidado odontológico para pacientes com Síndrome de Down demanda uma compreensão holística e adaptativa por parte dos Cirurgiões-Dentistas.

“Frequentemente esses pacientes apresentam características bucais específicas, como maloclusões, língua fissurada e hipotônica, agenesias, palato ogival e doença periodontal. Mas é importante dizer que nem todas essas características são observadas e que na literatura podemos encontrar outras especificidades tal como a macroglossia (língua com tamanho acima do normal) e eu me referi a língua hipotônica, pois a hipotonia muscular generalizada é característica dos indivíduos com Síndrome de Down, então a língua é hipotônica e por isso aparenta ser maior e ocupa uma posição mais baixa na boca o que leva a alterações na oclusão. Também com relação à doença periodontal é importante dizer que a maior incidência está associada a uma condição do sistema imunológico que apresenta uma redução na resistência à infecção bacteriana, porém ela só vai ocorrer se houver problemas com a higiene bucal. O acúmulo de biofilme dental (placa bacteriana) é determinante da sua gravidade. A ocorrência de lesões de cárie também depende da qualidade da higiene bucal, não sendo característica de indivíduos com Síndrome de Down”, esclarece a Dra Sofia.

Para garantir um atendimento eficaz e confortável, é fundamental que os profissionais de Odontologia compreendam as necessidades individuais de cada paciente com Síndrome de Down. "As necessidades odontológicas assim como as estratégias e técnicas de prevenção e tratamento são as mesmas. O que vai se diferenciar é a abordagem odontológica para esses pacientes, seja ambulatorialmente, sob sedação ou anestesia. Para isso, o profissional precisa ter conhecimento das condições sistêmicas, físicas, psíquicas e intelectuais de cada um e, desta forma, adequar a linguagem utilizada na comunicação e o estabelecimento de vínculo com o paciente, a orientação para o autocuidado bucal e para cuidadores e a necessidade de medicações pré-operatórias”.

Reforçando que a conscientização sobre a importância da saúde bucal é para toda a população independente de qualquer condição ou idade, a Dra Sofia lembra que, “não há como dissociarmos a boca do restante de nosso organismo. A boca é uma porta de entrada para microrganismos que podem ser fatores causadores ou agravantes para algumas doenças sistêmicas, da mesma forma que muitas doenças sistêmicas apresentam manifestações na boca. Especificamente com relação aos indivíduos com Síndrome de Down devemos atentar para o fato de que a imunossupressão e a maior ocorrência de cardiopatias congênitas acarretam maior suscetibilidade a infecções”.

Por Swellyn França